Emmanuel Rouget: vinhos de outro mundo

Por Khiem Le*

Livro de Khiem sobre a Bourgogne pode ser adquirido aqui

Os Pinots Noirs de Emmanuel Rouget não são desse mundo. Feitos com uvas totalmente desengaçadas, eles demonstram um pureza e elegância ímpares. Tendo sido treinado por seu tio, Henri Jayer, Emmanuel usa 100% de madeira nova e um delicado toque de mão quando vinifica, acompanhado de seus dois filhos, Guillaume e Nicolas. Por ano, a produção supera pouco mais de 50 mil garrafas em um ano sem grandes intempéries, o que tem sido difícil nas últimas colheitas: o rendimento caiu 50% em 2010, 2011, 2012, 2013, 2015 e 2016.

Por iniciativa de Guillaume e Nicolas, o Domaine está trabalhando em sua conversão completa à biodinâmica, seguindo os avanços recentes. Nos últimos anos, diante de ataques violentos de pragas, a decisão de Emmanuel não foi responder com o mesmo vigor, mas usar fungicidas com baixas concentrações.

O ano de 2016 rendeu uma pequena colheita, apesar de melhor que muito de seus pares – Christophe Roumier perdeu 2/3 de seus vinhos com a geada em abril. Os 2016 prometem ser ótimos vinhos e no barril já despontam todas as suas qualidades. Como sempre, uma degustação com Rouget nunca leva menos de duas horas. Ele gosta da companhia dos amantes da Bourgogne e é um generoso anfitrião, dedicando seu tempo e seus rótulos.

A degustação se inicia com um muito elegante Bourgogne rouge, que inclui nessa safra uma parcela em Savigny-les-Beaune, cuja colheita foi tão pequena que não podia ser vinificada em separado. O simples Côte de Nuits Village é impressionante: delicioso e muito superior à sua classificação.

O Chorey-Les-Beaune é mais denso e terroso, no entanto com tamanha elegância que você jamais diria se tartar de um Chorey.

O Nuits- Saint-Georges Village provém dos climats de Lavières, Chouillet et Argillats, na fronteira com Vosne-Romanée. Ele é mais estruturado, persistente, em um conjunto marcado pelo belo equilíbrio. Um vinho que faz muitos acreditarem não se tratar de um Nuits, apelação reputada por produzir vinhos tânicos e masculinos.

O Vosne-Romanée Village é mais elegante, com uma bela salinidade. É uma reunião de seis climats : les Vigneux (a maior parcela), Saules, Barreaux, Jacquines, Ravioles e o Premier Cru Petits-Monts (cuja colheita é tão pequena que impede sua vinificação em separado).

O Échezeaux é uma assemblage de duas parcelas : a primeira se encontra em Cruots ou Vignes Blanches ; a segunda em dois lieux-dits : Treux e Clos Saint-Denis. Com sua cor mais escura, ele é marcado por uma bela estrutura e um longo fim de boca, com taninos sedodos e um vinho harmonioso.

Como sempre, os meus dois preferidos são os Premiers Crus les Beaumonts e Cros Parentoux, por razões opostas: o Beaumonts impressiona pela sua elegância, enquanto o Cros Parantoux por sua complexidade e potência. O Beaumonts é delicadeza ao extremo, no Cros Parantoux, se sente primeiro a acidez, depois vem a estrutura. Sua persistência é incrível.

Quando se combinam talento, trabalho e terroir, se conseguem excelentes vinhos. Eu bebi os vinhos de Rouget nas últimas cinco safras e posso garantir que a qualidade é homogênea. Seus vinhos são o que mais perto se aproximam dos feitos por Henri Jayer. A razão é simples:  tio e sobrinho trabalharam lado a lado por 30 anos.

Em tempo: as duas irmãs de Henri Jayer decidiram vender os últimos vinhos da adega do nome mais famoso da Bourgogne em um leilão marcado para 17 de junho em Genebra. Serão 1200 garrafas. Emmanuel tem em sua adega propria cerca de 30 vinhos feitos pelo seu tio.

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