Montrachet: no céu dos brancos

 

 

Com uma área de cerca de oito hectares, dividida praticamente na metade entre Puligny e Chassagne, Montrachet é a principal estrela branca da Borgonha e quiçá do planeta vitis. São 17 produtores, pouco mais de 3 mil caixas de vinho em uma safra normal, sendo Marquis de Laguiche o maior proprietário, com 2 hectares e videiras totalmente do lado de Puligny. O vinho é vinificado e vendido por @maisonjosephdrouhin. São uvas plantadas na revolução francesa e os Laguiches tinham 4 hectares, sendo que venderam metade em 1838 para a família Bouchard.

Nas aulas da `pensão Santo André`, Nelson traçava paralelos entre grandes terroirs. Por exemplo, com a comuna de Chambolle-Musigny, em que a feminilidade é expressa em vários rótulos e produtores. Quem já provou um Les Amoureuses e um Musigny, lado a lado, percebe esta feminilidade muito mais facilmente em Les Amoureuses. Já o Musigny, esconde esta feminilidade atrás de estrutura monumental, fazendo dele um dos maiores de toda a Borgonha. Numa expressão famosa em sua referência diz-se que um Musigny na boca é como uma calda de pavão. O vinho se abre em sabores multifacetados. Nelson dizia que o mesmo ocorria em Margaux, em que Paul Pontallier comparava Margaux a um bailarino, que por trás de toda a leveza e elegância de sua expressão, dispõe de uma força descomunal para o equilíbrio do bailarino.

Montrachet entra nessa mesma categoria, tem uma estrutura, uma potência e concentração, intensidade acima dos grands crus vizinhos, sem perder a elegância, mas em um contraponto a Chevalier Montrachet, mais feminino, ainda mais nas mãos de madame Leflaive.

O 2010 e o 2008 apontam como esse vinhedo encanta. Não à toa, no fim do século XVIII, Thomas Jeferson o colocava ao lado de Chambertin, Romanée e Vougeot como os melhores. Dois barris de Montrachet saíam por 48 francos, o mesmo preço dos três tintos citados, em um momento em que a maioria dos brancos mal custava metade do preço de outros tintos.

O 2010 é um vinho com fruta exótica, leve toque de mel, especiarias como açafrão e pimenta branca, floral delicado, com uma textura e intensidade que combinam sutileza e potência. O 2008 já mostra alguns sinais de evolução, com frutas secas começando a aparecer. Se eu morresse amanhã, eu beberia o 2008. Se morrer em cinco anos, abriria o 2010.

 

Muito obrigado ao anfitrião @eduardo.takemi

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