O processo de urbanização de São Paulo no século XX está todo expresso em seu centro. Os prédios de tamanho desiguais, as fachadas modernas de edifícios envidraçados convivendo com a arquitetura neoclássica de arranhas céus que hoje parecem baixos, os grandes bulevares abertos que interligam avenidas e ruas, restaurantes cheios de gente lado a lado com moradores de rua, praças históricas mal cuidadas, poesia em esquinas com a dura realidade de uma cidade e seus moradores que não se preocuparam em cuidar e preservar. O centro é tão lindo quanto mal cuidado. Hoje sobram endereços para todos os bolsos comerem e beberem. Um passeio pelas ruas e praças num sábado ou domingo vale muito à pena e pode servir de aperitivo para se ler “Orfeu Extático na Metrópole”, grandioso livro do saudoso Nicolau Sevcenko.
Galeto Lousã – Numa galeria da barão de Itapetininga, fica esse simples restaurante que oferece um bom galeto com fritas, cujo preço não prejudica nenhum bolso. Sou fã de galetos e esse aqui é um dos melhores de SP. Rua Barão de Itapetininga, 163, Galeria Lousã, loja. 21
Mandíbula – Na Galeria Metrópole, com vista para a São Luís, fica um bar bem legal. Galeria Metrópole Praça Dom José Gáspar, 106 – piso 2
Dona Onça – O império dos Rueda (Janaina e Jefferson) começou aqui. Comida boa, carta de drinks e cervejas ótima. Como todo endereço deles, a fila sempre é grande nos fins de semana.
Casa do Porco – Jefferson Rueda é um dos melhores cozinheiros do Brasil e tem um trabalho autoral que é primoroso. Gosto de sua comida desde os primeiros tempos do Pomodori, que nasceu como minúsculo restaurante no Itaim em que ele dava as cartas com o seu ex-sócio Rodrigo. Depois o Pomodori ganhou um salão, democratizou mais sua proposta, até ele deixar, em uma briga rumorosa com o investidor. Saiu para abrir seu próprio lugar com suas receitas e abraçando a culinária do interior paulista, mais precisamente da sua terra natal – São José do Rio Pardo. O defeito são as filas quilométricas nos almoços e nos jantares. Se você acha porco uma carne insossa e seca, aqui você irá mudar de ideia. R. Araújo, 124
Hot Pork – o sucesso da Casa do Porco fez os Ruedas abrirem um endereço em que a estrela são os hot dogs, o que faz esse pedaço do centro disputar com Pinheiros onde se pode comer os melhores lanches de SP, ainda mais que o Z-Deli também marca presença a poucos metros. R. Bento Freitas, 454
Z-Deli – Da pequena casa nos Jardins, ele foi estendendo os domínios para Pinheiros e depois para o centro, na região desbravada pelos Ruedas. Em cada endereço, há uma pequena novidade, mas a qualidade é sempre igual. R. Bento Freitas, 314
Salve Jorge – Na frente da Bolsa de Valores ou da B3, como é chamada hoje, fica esse boteco bom pra happy hour ou prum almoço no domingo, quando boa parte dos restaurantes e bares está fechada no centro. Praça Antônio Prado, 33.
Farol Santander – No vigésimo sexto andar do prédio do Banespa, hoje Santander, foi aberto esse café Suplicy, com uma vista invejável da cidade. Há uma extensa seleção de cafés, alguns bolos, pães de queijos e um brunch. Os preços são altos (pagam-se R$ 20 apenas para subir, mas o ingresso dá direito também a ver exposições e passear pelo prédio). A comida poderia ser melhor, bem melhor, mas quando vista e boa comida se unem? Talvez só aqui: https://pisandoemuvas.com/2018/06/09/alem-da-vista-do-one-observatory/
R. João Brícola, 24
La Casserole – Almoçar de frente para a banca de flores do Largo do Arouche com um bom preço (R$ 52 com opção de entrada, prato principal e sobremesa), em um ambiente simpático, é uma das pedidas. A comida aqui é a francesa tradicional, pesada para alguns paladares. Largo do Arouche, 346
Gato que Ri – Eu vinha aqui desde quando era criança e quando não havia a adega envidraçada que ocupa a frente e as cadeiras eram de espaldar reto, sem acolchoado. Era meu molho à bolonhesa favorito, meu gnocchi preferido. Hoje vale pela revisita do passado. Largo do Arouche, 37
Almanara – Pertinho da 7 de Abril, fica esse Almanara, que em dois endereços oferece duas opções: os pratos do cardápio ou um esquema de rodízio, único nesse modelo em SP. R. Basílio da Gama, 70
Girondino – De frente para o mosteiro São Bento, fica um dos mais tradicionais restaurantes do centro, com um dos mais extensos cardápios já vistos e paredes recheadas de história. Falta um bom cozinheiro. R. Boa Vista, 365
Itamarati – No Largo São Francisco, fica um dos mais tradicionais restaurantes do centro, que ainda serve a centenas de engravatados que trabalham nos escritórios e fóruns. O salão é amplo, com paredes de madeira. Muitos procuram o virado à paulista, servido às segundas-feiras. R. José Bonifácio, 270
Bar Léo – Na faculdade, eu descobri esse bar, quando não era dos donos do bar Brahma, quando não tinha sido construído um salão anexo e quando o seu Luís ainda servia os sanduíches com suas mãos. Vivi esse bar intensamente por anos com histórias sensacionais. Veio a crise, veio o escândalo da venda de gato por lebre e depois a venda. Mudou o cardápio, o ambiente perdeu um pouco da graça, mas o chope ainda é muito bom. Era meu bar número um de SP. Hoje, infelizmente, não é mais.