Casa do Carbonara
O tema da noite era: Chambolles premiers crus. Bem, não precisava ter origem da pequena cidadela de 270 habitantes onde se produzem os mais elegantes vinhos tintos da Bourgogne, mas bastava ter origem próxima da village e características similares aos melhores do terroir. Feita a escolha, selecionaram-se três terroirs, três produtores.
Pertinho de Les Amoureuses, fica o premier cru de Petits Vougeot em Clos Vougeot. Em tempos de preços nas alturas dos Chambolles, ainda mais os Amoureuses, aqui nasce um tinto delicado que tem semelhanças com o premier cru mais disputado de Chambolle.
Charles Van Canyet faz belos vinhos nessa vinícola que expandirá sua constelação de rótulos com a aquisição do Domaine de Chezeaux. Petit Vougeots é um vinhedo muito bem localizado, pertinho de Les Amoureuses. Nas mãos certas, como as dele e de Jean Marie Fourrier, o resultado é de se aplaudir e se correr antes de ele ficar muito mais caro que o vizinho ilustre, infelizmente cada vez mais inacessível.
Depois de experimentar o vizinho, chegou a hora de abrir um premier cru considerado pelos críticos como grand cru, ao lado de Cros Parantoux e Clos Saint Jacques. Les Amoureuses é outro deles. Nas mãos corretas, como as de Frédéric Mugnier, nasce aqui um vinho delicado, elegante, equilibrado e com um aroma floral arrebatador. A pergunta: bebê-lo na juventude com seus aromas florais ou no envelhecimento com seus terciários? Tendo a optar pela primeira opção.
Localização é tudo na Bourgogne. A parte premier cru de Combe d´Orveau é um daqueles terroirs cuja vizinhança é muito famosa: Musigny. Uma parte do vinhedo inclusive foi incorporada ao grand cru em 1929, uma rara promoção, concedida a Jacques Prieur. A parcela de Perrot Minot é bem próxima ao vinhedo que enseja vinhos absolutamente brilhantes nas mãos de Mugnier e Roumier. Bom você colocar esse produtor e esse vinhedo no seu radar, uma combinação rara de elegância, complexidade e profundidade.
Depois de um show ao vivo, chegou a hora da Chambolle alemã: o Mosel, onde nascem os mais elegantes e delicados rieslings. Egon Muller é a elite do pelotão das águias alemãs. Esse é seu vinhedo mais reputado. A safra 2010 é ótima. Produtor, terroir, garrafa bem conservada criam uma equação com um resultado simples: um vinho excelente, toque de frutas tropicais, mel, fundo mineral elegante, sem o petrolato que muitas vezes se destaca. Um clássico da Alemanha, bom parceiro de torta de maçã.