Quando viajo para o Rio Grande do Sul, fico sempre me perguntando se preciso de passaporte. O gaúcho toma chimarrão no frio para se esquentar e no calor para se refrescar. Tem algumas particularidades na linguagem, sendo a mais difícil para mim o uso de “capaz”, que na maioria das vezes é sinônimo de “imagina” ou lógico que não”, mas também pode ser empregada como normalmente usamos: sou capaz de rir. Bombachas, guaicas integram a vestimenta regional, oferecidas em lojas espalhadas por qualquer cidade do Estado. O hino do Estado é conhecido de cor (o de São Paulo eu nem sei a primeira estrofe). E todo gaúcho que se preza tem uma arma, segundo um gaúcho me disse algumas vezes.
Em uma viagem em que o regionalismo fala mais alto, o roteiro se inicia pelo centro de Porto Alegre, onde ao lado da prefeitura fica o mercado municipal. Dentro o Gambrinus , considerado o restaurante mais antigo da cidade com pouco mais de 120 anos de história. Ali servem-se chopes artesanais, pratos com carnes e peixes e todos os dias o menu oferece um prato do dia. Nada demais, mas vale a pena dar um passeio pelo mercado público e tomar um chope lá.
Outro restaurante histórico no mercado municipal, também frequentado por Lupicinio Rodrigues, é o Naval, em que o bacalhau e os peixes são tradicionais pratos dos que vão até ele. O mocotó, que fazia fama há décadas, deixou de existir, mas o bar continua atraindo turistas e porto alegrenses.
Na rua dos Andradas, uma das principais do centro histórico de Porto Alegre, fica o prédio que abrigava a livraria do Globo, pioneira na comercialização de livros de bolso no Brasil ao lançar uma coleção no início dos anos 1930. A livraria não existe mais nesse endereço, que agora abriga uma loja da Renner em seus seis andares e um memorial da livraria no terceiro andar. Além do memorial, em que se destacam uma estátua de Erico Verissimo e uma máquina de escrever que ele usava, fica um charmoso café em que se pode perder algumas horas.