No fim dos anos 1970, o casal Philippe e Michèle Laurent decidiu fazer uma reviravolta em sua vida profissional e vinificar vinhos no sul do Rhône, terroir reputado por Chateauneuf de Papes e pelos sobrenomes Rayas, Beaucastel e Bonneau. Não foi na terra dos papas, mas em Montbrison. A ideia era produzir vinhos com a identidade do terroir, da maneira mais natural possível, em uma época em que uso de sulfito era rotineiro. Um conjunto de videiras cententárias, apelidadas de Mémé, a quantidade de passos iguais entre uma e outra, com cerca de 1 hectare, era o principal vinho.
Essas videiras pré-phylloxera renderam fama ao domaine, mas em 1999, em um acidente de caça, Philippe morreu. O domaine ficou com Michèle, que resolveu manter a propriedade e manter o propósito de vinificar parcelas de uvas brancas e tintas para fazer vinhos naturais que respeitassem o solo do sul do Rhône.
Gramenon então criou a fama de vinhos naturais de excelente qualidade preço cujos rótulos são disputados nos dois lados do Atlântico. Importados pela @delacroixvinhos, são vinhos elegantes, gastronômicos, com ótimo potencial de longevidade. Cada um tem uma nota harmônica em uma partitura de vinhos que mantêm um norte: elegância. Os vinhos foram degustados em uma noite de outubro de 2023 e os preços são referência no site:
La vie on y est. A vida é agora. Um vinho branco feito de 50% Viognier, 40% Clairette, 10% Bourboulenc. Frutas amarelas (carambola e pêssego) com leve salinidade.
La Belle Sortie, 2020 – o rótulo que mais denota sua vinificação natural. 75% Grenache, 25% Syrah
Poignée de Raisins, 2020. 90% Grenache, 10% Cinsault. Muita fruta num estilo fácil de beber.
Sierra du Sud, 2019, trocadilho com Syrah do sul. 100% de Syrah, num excelente custo benefício, talvez um dos melhores do sul e norte do rhône. Belo vinho.
La Sagesse, 2019 – 100% Grenache, fruta e um leve toque de especiaria. Aos amantes de Comando G, aqui está uma opção francesa, ainda mais elegante que os vinhos que despertam paixões e ficam a cerca de 70 quilômetros de Madri.
L’Émouvante, 2019. Se tivesse de escolher um rótulo, esse seria o selecionado. Adoraria ver a evolução dele ao longo dos anos, já ostenta leve toque de champignon de paris, feito para escalopes com cogumelos.
La Papesse, 2019 – Alcaçuz, frutas, leve animal, um belo Grenache francês de pedrigree.
La Mémé, 2021 – Uvas centenárias produzem um vinho ainda na sua primeira infância. Com acidez que denota seu potencial de envelhecimento. Como ficará em 10 e 20 anos?