Pisando em uvas: bodega Chacra & domaine Roulot

 

Clarets: ate onde a vista alcança eu poderia dizer como título, mas fica valendo a foto de cabeçalho (que ja sai vendendo Sao Paulo como cartão postal ) que diz muito mais que palavras e que se refere à degustação inesquecível .

 

 

Degustação franca x argentina

A família Incisa della Rocchetta está inserida na história moderna do vinho, por ser dela a criação de sassicaia, um dos maiores supertoscanos que emergiram e mudaram a história da legislação italiana.

Mas isso tinha sido decisão do marquês Mario Incisa. O neto, Piero, sempre esteve ligado ao mundo do vinho. Por anos, viajou periodicamente para a Borgonha com grupo de amigos. Servia de tradutor e motorista para eles, brinca hoje. Em 2001, um pinot noir de Humberto Canale, degustado às cegas, intrigou-o de uma tal maneira que foi buscar saber mais sobre o terroir da Patagonia e do Rio Negro.

Em pouco tempo, surgiu a ideia de fincar raizes na região com a aquisição da bodegas chacra. Inicialmente a ideia foi vinificar pinot noir, depois fazer experiências com a malbec. A ideia e fazer vinhos com mínima intervenção.

Depois da bem sucedida decisão de produzir pinot noir na Patagonia, Incisa della Rocchetta resolveu vinificar em brancos na @bodegaschacra. Algumas videiras de merlot foram escolhidas para a experiência, mas faltavam as mãos que regeriam a experiência.

Falou sobre a ideia em um jantar, em Volnay, na casa de Guillaume d’ Angerville. Disse que naquele momento inclusive estava sondando um casal de vignerons que estagiara com Vincent Dauvissat. Presente ao jantar, de forma jocosa, Jean marc Roulot, ao escutar o comentário, retrucou: “por que não eu?”

Piero e jean marc se conheciam havia décadas, amizade ligada por Rajat Parr, entao sommelier do grupo Michael Minna. Mas Piero não levou nem um pouco a sério a frase de Jean Marc. Semanas depois em uma feira de vinhos na Alemanha, foi puxado de lado por um amigo. “Você deve ser a única pessoa do mundo do vinho que descarta uma oferta do Roulot!”

O cutucão foi suficiente. Piero foi atrás de Jean Marc e ai nasceu a parceria entre os dois para criar brancos na Patagonia. A safra 2021 dos brancos de @bodegaschacra é a quinta da história. Todos os anos, alguns dias de fevereiro Roulot vai à Patagonia para conduzir o processo que levará à vinificação.

Foram bebidos dois chardonnays de chacra, servidos antes de 3 bourgognes de Roulot da superlativa safra 2020 (tive a forte convicção de que bebi um dos maiores vinhos dessa safra histórica, mas é tema para outro post).

Roulot não faz vinhos franceses em solo argentino. Leva seu estilo (finesse, elegância, tensão e a vontade de sempre buscar um segundo gole) e extrai do terroir da patagonia um vinho com o acento da argentina, do novo mundo, da Patagonia.

Não poderia ser diferente. Quem bebe borgonha desde os anos 90 ou 2000 sabe que ele é uma referência em terroir. Há décadas valorizou seus lieux-dits em Meursault. Hoje os lieux dits viraram palavras recorrentes no mundo do instagram.

Os brancos de Chacra mostram que a Patagonia nao tem vocação apenas para tintos, sejam os pinots da bodega (tema pra outro post), sejam os malbecs, mas também pode ensejar belos brancos. Ainda demonstram que os fãs de M. Roulot podem ainda ver como ele interpreta esse instigante terroir argentino. Os vinhos de chacra e do domaine Roulot vêm pela

@claretsbrasil

 

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