O tema da noite: 2010, ano em que na França se produziram algumas das mais preciosas e raras (na Bourgogne a safra foi minúscula) joias já vinificadas. O clima ajudou do sul ao norte do hexágono.
Cogumelos e bacon bovino. Do Jura, Pierre Overnoy, cuja legião de fãs ao redor do planeta é crescente. Pierre começou a produzir vinhos no terroir familiar nos anos 50, deixou de lado agrotóxicos nos anos 1960 e, em 1984, vinificou pela primeira vez sem enxofre. Tornou-se um mito, o guru dos vinhos naturais. São cerca de 20 mil garrafas por ano, com os tintos feitos com a uva Poulsard (ploussard) e os brancos feitos de Savagnin (64%), Chardonnay (36%). Boca floral elegante.
Riz de veau. Do melhor terroir de Meursault, Perrières, com uma produção de pouco mais de mil garrafas, Vincent Dancer extrai esse meursault mais para o lado cremoso, famoso nas mãos de Lafon, do que o cítrico tenso mineral de Jean Marc Roulot. Leve caju com fundo mineral e leve toque de especiarias.
Porca au sauce Robert. Frédéric Mugnier faz chambolles de manual de redação. Seu Amoureuses é sempre um vinho que caminha no fio da navalha, na tênue e delicada linha entre a mediocridade e o encantamento. 2005 ou 2010? O melhor Amoureuses feito por ele? Cartas para a redação.
Queijos. La Chapelle se tornou mítico e uma das garrafas mais desejadas por enófilos por conta de um 1961 que arrebatou corações e mentes dos dois lados do Atlântico. Esse 2010 ainda é uma criança de berço com uma longa vida pela frente. Há um porte parecida com um porto. Fruta escura com especiarias, com taninos muito finos.
Torta de nozas pecã. Egon Muller é um dos nomes mais famosos e reputados da tropa de elite das águias alemãs. O clima no distrito de Saar, região do Mosel, se une ao solo de ardósia. Aqui se produzem só vinhos à base de riesling, desde o Scharzhof, da categoria Qualitätswein, um blend de vários vinhedos próprios até os de limitadíssima produção, vendidos em leilão.
Comida excelente, vinhos excelentes, faltou apenas o duo musical com músicas do ano 2010. Taí um desafio para o próximo.
E que o Tom nasça com muita saúde e com sede para beber os 2010 daqui a 18 anos.