Supra di Mauro Maia, porto seguro

No fim da década de 1990, Mauro Maia decidiu conciliar o cargo de diretor da indústria química Merck com o curso de Gastronomia na Anhembi Morumbi e a chefia da cozinha de sua casa aberta para amigos nos fins de semana. No início de 2000, partiu com as malas para a Itália para um curso de seis meses no coração do Piemonte. Na volta, trouxe o aprendizado necessário para abrir na rua Araçari, 260, no Itaim, o inesquecível Supra. Aprendi a comer nele e com Mauro.

Em pouco tempo, ele ganhou vários prêmios de chef revelação, ganhou estrelas nos guias tupiniquins, posicionou o Supra como um dos melhores restaurantes italianos do Brasil e atraiu uma clientela fixa, que ia do então ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao compositor Toquinho e ao comediante Paulo Bonfá. Presença constante, todos os dias, do almoço executivo ao jantar, na cozinha e no salão, Mauro comandava um restaurante cujos pontos altos eram as massas e as receitas com um toque mineiro, como a redescoberta da pamonha (massa recheada com milho verde e queijo, ao molho de queijo da Serra da Canastra e manteiga aromatizada com cachaça envelhecida), em homenagem à sua avó.

A especulação imobiliária do fim da década de 2000 fez com que empreendedores fizessem uma proposta indecente para comprar o terreno que abrigava os dois andares da casa em que funcionava o Supra. Mauro se rendeu, vendeu e por um tempo trabalhou com uma gestora de investimentos, com maior liberdade para ver novelas e ficar com a família.

O descanso durou até 2014, quando ele decidiu voltar à cozinha: surgiu o Supra di Mauro Maia, em outro ponto do Itaim, agora na Leopoldo Couto Magalhães, 681. O restaurante é mais despojado, trem delivery, Mauro agora tem uma agenda mais flexível, embora esteja boa parte do tempo no salão, e não fica todo o tempo na cozinha, mas sua alma e seu perfeccionismo se mantêm, o que torna o Supra um endereço obrigatório e um porto seguro, em uma cidade povoada de armadilhas caras e insossas, como o reaberto Cadoro.

O almoço executivo é um dos melhores da capital, com diversas opções de massas, carnes e pescados. O cardápio passeia por clássicos da cozinha italiana, com um destaque imperdível, que pode ser pedido como entrada ou prato principal: o agnolotti dal plin, com um molho de cozimento difícil de se comer do Oiapoque ao Chuí, perfeito para um Barbaresco, aliás, o vinho preferido de Mauro Maia, que no antigo endereço da Araçari mantinha uma adega com diversas preciosidades e importação exclusiva dos Barolos de Fratelli Cavalloto. A lasanha faria fechar vários restaurantes de São Paulo que oferecem o prato, os risotos são impecáveis e no capítulo das carnes o destaque fica com o cabrito assado em dois tempos. Vale visitar vários dias e percorrer cada canto da Itália e de Minas Gerais pelas criações de Mauro Maia.

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