Sorte e azar de Michel Gros

A família Gros é uma das mais confiáveis da Bourgogne. Os irmãos Anne Françoise, Bernard e Michel e a prima Anne fazem vinhos elegantes e refinados em cada um de seus vinhedos e vinícolas. A prima Anne e Michel disputam quem é melhor, com vantagem para o lado feminino, que possui uma ótima parcela de Richebourg e um raro e excelente Vosne-Romanée Les Barreaux, um village que fica pertinho de Richebourg e do mítico Cros Parentoux.

Michel Gros não teve a mesma sorte. Foi num sorteio com o irmão Bernard que ele perdeu a parcela de 0,2 hectares de Richebourg e ficou com o monopólio de Clos de Réas, um vinhedo premier cru murado na entrada de Vosne-Romanée, que fica de frente ao Domaine Leroy e à prefeitura da cidade onde se diz que não existem vinhos comuns.

O Clos de Réas propicia um vinho profundo, elegante e com grande potencial de envelhecimento, talvez o melhor custo-benefício em premier cru de Vosne Romanée. Nas safras ruins, se vê o bom produtor. Um 2004, com um quase imperceptível toque vegetal da pior safra dos últimos 20 anos, se mostra muito bom, abrindo agora seus aromas terciários. O 2015 é um vinho generoso, amplo e refinado, que deverá atingir seu pico na metade da próxima década.

Foi num sorteio que os Gros decidiram não dividir o monopole Clos de Réas e que o Richebourg foi paras mãos do irmão de Michel

 

O Aux Brulées é um vinho mais acessível quando jovem, com um leve defumado e uma fruta mais evidente, está um pequeno degrau abaixo do Réas, mas é outro excelente premier cru nas mãos de Michel Gros, com uma vantagem: envelhece mais rapidamente, o que permite que seja bebido mais rapidamente. O 2007, uma safra não no mesmo de outras como 2002, 2005 e 2009, mas que produziu vinhos que desenvolvem aromas terciários com menos tempo em garrafa, está delicioso. O 2015 mostra que será um grande vinho, quase comparável ao ótimo 2005, que já ostenta aromas terciários e as especiarias asiáticas tão frequentes nos Vosnes de alto calibre.

Mas não são apenas os Vosnes que impressionam na visita à cave. O Nuits Saint-Georges village é um ótimo vinho, com o peso do terroir, mas um lado mais elegante que o centro da cidade, por estar mais perto da fronteira com Vosne. O Nuits premier cru é um vinho mais robusto, elegante e profundo, mais uma prova de que o estilo de Michel Gros destaca o terroir bourguignon em qualquer um de seus solos. No nível básico, a novidade é o Bourgogne Haute Cote de Nuits monopólio Fontaine Saint Martin (quatro hectares em Pinot Noir e três em chardonnay), um excelente vinho de entrada. O solo aqui tem uma mistura semelhante à encontrada na montanha de Corton. Até 2014 ele fazia a assemblage desse terroir dentro de seu Haut Côte de Nuits básico, mas a partir de 2015 começou a vinificar em separado. O vinho recebe de 20% a 30% de madeira nova e estagia em madeira por 18 meses.

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