Viagem ao Planeta Syrah

Por Gerson Lopes

Agora a nossa “viagem” é para o planeta Syrah e também pelo mundo das escolas tradicionalistas, onde na “gestação e parto” (do vinho) o papel do homem é fundamental e como um “amante à moda antiga” resiste aos excessos de uma tecnologia sofisticada.

A uva Syrah/Shiraz foi a estrela do quarto flight. Protagonista ou não, ela sempre é um deleite! Três vinhos fizeram parte desta rodada: Grange Hermitage 1976; Châteauneuf-du-Pape Henri Bonneau Reserve des Celestins 1978 e Hermitage La Chapelle 1978. Quase 300 pontos distribuídos pelo crítico Robert Parker, com pontuações de 100, 99 e 100, respectivamente.

O La Chapelle faz menção a uma pequena capela de pedra no alto da colina no Rhône Norte que parece ter sido construída para ser o retiro de um cavaleiro do século XIII. Esta propriedade pertenceu durante anos a Paul Jaboulet Ainée, que posteriormente vendeu ao banqueiro suíço Jean-Jacques Frey, o que deixou algumas dúvidas sobre o futuro desse lendário vinho (Joe Czerwinski, que escreve atualmente as resenhas do Rhône para Robert Parker, resenhou no fim do ano passado a safra 2016 dando 95-97 pontos e dizendo que agora sente que a equipe de Frey trabalha em harmonia e que os vinhos provados são os melhores desde que Frey assumiu a propriedade em 2006).

Hermitage La Chapelle 1978 foi o grande campeão (na preferência) entre os três. Grande vinho em grande safra! Já o provei mais do que mereço, e sempre foi soberbo, encantador, perfeito! Ainda com pernas para caminhar, como dizem os portugueses.

O Penfolds Grange Hermitage 1976 merece as considerações que um dia lhe fez Parker que, ao prová-lo, previu que “um dia poderia se assemelhar na sua riqueza com os vinhos lendários de Bordeaux como os ‘47 Petrus, Cheval Blanc e Lafleur. Feito com Shiraz (89%) e Cabernet Sauvignon (11%). Foi cabeça a cabeça com o La Chapelle ’78 neste dia, como de uma outra vez em que ambos foram emparelhados às cegas. Diferencia deste por ter um toque mais doce, porém com um equilíbrio ao paladar e final muito longo. A partir da safra de 1990, o Grange perdeu a palavra Hermitage (acordo Austrália e União Européia derrubou o termo assim como a nossa guaraná não pode mais usar champagne) para não confundir com o francês dessa denominação.

O CHDP Reserve des Clestins 1978 de Henri Bonneau provavelmente já teve o seu momento de perfeição, que é o que se espera do mais famoso e caro vinho deste domaine. Esta garrafa não estava em seus melhores dias e acabou tendo sua prova prejudicada. Quando a bebeu, na casa de Henri Bonneau, Parker deu 99 pontos e disse que ele tinha uma juventude ímpar, que talvez fosse o vinho que mais superasse os anos feitos pelo mago do sul do Rhône.

A primeira versão deste vinho foi produzida em 1927 sendo uma mescla de Grenache (principal) e diferentes percentagens de Mourvedre, Syrah, Counoise e Vaccarese. Henri Bonneau, falecido recentemente, foi uma lenda para a maioria dos fãs de Chateauneuf de Pape. Tive a felicidade de provar alguns de seus vinhos e realmente são incontournables!

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