Por Augusto Diniz

Os apertados corredores do Mercadão de BH empurram os desavisados para dentro de qualquer loja do lugar. Em meio ao trânsito intenso de gente, até que a prática acaba resolvendo o problema de muitos que só vão ali para levar um pedaço de queijo para casa.

 

Numa dessas fugas dos labirintos do principal centro de compras de produtos mineiros da capital, cai na lojinha 3 x 4 do Seu Ronaldo.

De um lado, um balcão de queijos de preços um pouco acima do menor valor oferecido pelo quilo do produto no mercado. Do outro lado, uma generosa prateleira de cachaças.

Para entender melhor, uma breve rodada no Mercadão já se identifica por tabelas de preços dependuradas qual o mínimo que poderá se pagar pelo quilo do queijo (hoje, em R$ 19,00), não importa sua origem.

Aliás, a maioria diz ser da Canastra, região que faz os queijos mais nobres de Minas – o problema é que muitos não aparentam as características do produto proveniente de lá. Mas isso não tem muita importância para a grande parte do público. O que vale é ser mineiro. E eles são.

No do Seu Ronaldo, ele explica que quase todos vêm de Salitre, não muito longe da Canastra. Oferece um pedaço generoso para experimentar. Sente-se de fato a diferença em relação a um qualquer de mais baixo preço.

Do lado das pingas, Seu Ronaldo vai caprichosamente dizendo uma a uma. Não, ele não foi como outros lojistas do Mercadão que apontou logo as mais caras ou aquelas que claramente denotam ação de promoção de vendas.

Ele pega uma envelhecida no jequitibá, que mantém a pinga clara, porém amaciada: R$ 24. A marca é um de algum rincão do interior mineiro. Não é da região de Salinas, onde em São Paulo se encontra em qualquer bar. Depois mostra outras de preços razoáveis e qualidade boa.

A loja de Seu Ronaldo (primeiro corredor paralelo a rua Curitiba, como diz o cartãozinho do estabelecimento que tem o nome de seu dono) é os 13 pontos da loteria do Mercadão. Em meio a quantidade imensa de lojas de produtos mineiros, de muita variação, mas pouco vendedor para bater a real do melhor custo-benefício, a desse senhor é o pulo do gato: ali tem o queijo e a pinga diferenciados sem o risco de cair na enganação.

Ele mantém o no seu pequeno espaço queijo e pinga. Não vai mais além. Não vende o premiado doce de leite de Viçosa, o dobro do preço dos “normais”. Mas doce de leite se faz gostoso até a 50 quilômetros da Avenida Paulista.

Café não é o forte do Mercadão. Vá direto a qualquer supermercado. Talvez a goiabada possa ser um produto a ser adquirido nesse centro de compras, mas onde tem doce de leite “bão”, tem goiaba boa – não muito longe de casa.

Sai correndo de lá e fui em 10 minutos (de Uber) ao centenário Bar do Orlando em Santa Teresa – esqueça os botecos de grife da Savassi. Junto com a cerveja, peça o mais deslumbrante torresmo de barriga do universo – atendendo carinhosamente pelo atual dono.

A loja de Seu Ronaldo e Bar do Orlando são o real espírito de Minas.

 

Jornalista Augusto Diniz

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