Uma guia por Napa, parte 2

Por Francisco Maia Neto

((Para acessar a parte 1 – http://pisandoemuvas.com/2019/07/30/uma-guia-por-napa-parte-1/ )

O caminho natural do viajante que se desloca até o Napa Valley é a partir de São Francisco, sejam aqueles que chegam por via aérea e também os que optarem pela via rodoviária, vindos de alguma outra cidade da própria Califórnia ou de algum estado próximo, especialmente aqueles que mesclam esta viagem com alguma estação de esqui, nos meses de inverno.

No percurso, as pessoas logo perceberão que uma das características da região é pouco a pouco deixar o mar da Califórnia para trás e entrar em uma região interiorana, marcada por montanhas, onde a paisagem marcante ao se aproximar do Napa Valley é a imensidão de parreirais, que se encontrarão em ambos os lados das vias que irão se deslocar, bem como em todos os locais visitados.

Por ser um vale, o Napa Valley tem como principal característica topográfica a existência de duas cadeias montanhosas, que, vistas no sentido norte-sul, aparecem a oeste as montanhas Mayacamas e a leste a Cordilheira de Vaga, cujas silhuetas são visíveis e marcantes em qualquer local da viagem por essa região.

Sob o ponto de vista do terroir, ou seja, o conjunto das condições propícias para se produzir um vinho, existe uma combinação de clima, relevo, solo e, principalmente, a umidade que vem do Oceano Pacífico, que se tornam bastante favoráveis à produção vitícola e consequentemente de bons vinhos no local.

Temperaturas anuais

Pluviometria

  • Época da colheita

 Entre o final de agosto e final de outubro.

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Uma das principais características da região norte da Califórnia são as uvas com que se produzem vinhos tanto brancos como tintos, intensos e frutados, que os especialistas dizem serem capazes de aplacar o vigor de cada um, sendo que a principal uva existente na região é sem dúvida a cabernet sauvignon, com vinhos bastante alcoólicos e uvas maduras representadas por uma intensa presença de taninos.

Com a expansão na produção, outras variedades surgiram e vêm se expandindo, como a uva zinfandel, considerada patrimônio nacional e similar americana da italiana primitivo, além de outras castas, como a pinot noir, merlot, cabernet franc, sangiovese e syrah.

No lado dos vinhos brancos, sem dúvida a variedade chardonnay foi a uva que melhor se adaptou e domina a região, se tornando quase um ícone dos vinhos americanos e existem também plantios de Sauvignon Blanc, além disso são produzidos os chamados white zinfandel, que não é uma variedade de uva, mas um método de processamento a partir desta uva tinta, produzida sem a casca.

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O que visitar?

No que se refere às vinícolas, como explicamos anteriormente, dentre as centenas de locais para se conhecer, passear e desfrutar na região, seria impossível atender a todos os gostos e abranger um número representativo, até mesmo porque a possibilidade de conhecer um maior número de vinícolas está diretamente relacionada à disponibilidade de tempo.

Sabemos que existem vinícolas que são icônicas e até mesmo poderíamos dizer indispensáveis, começando por aquelas extremamente populares e que oferecem uma opção de visita bastante facilitada a qualquer viajante, além dos rótulos que nos são familiares, ou buscando outras não tão populares, mas igualmente importantes, ou que possuem atrativos diferenciados.

Diante disso procuraremos listar aquelas que tivemos oportunidade de visitar e outras que recebemos indicações de amigos, onde procuraremos dar uma breve descrição sobre sua importância e os motivos por estarem aqui listadas.

Robert Mondavi – Sem dúvida podemos dizer que é a mais popular e com maior abrangência de visitas, se tornando quase obrigatoriamente a que indicamos para visitar, além de carregar o nome de um inovador do mundo do vinho.

Opus One – Irmã da vinícola Robert Mondavi, fruto de uma joint venture desta com o Barão Rothschild, ícone do vinho na França, que se situa quase em frente, não obstante tratar-se de um vinho bem mais caro, mas o local é muito bonito e vale a pena a visita.

Duckhorns – É uma vinícola que revisita a época colonial americana, pela sua arquitetura, com vinhos bastante conhecidos e com uma variedade muito grande de tipos para degustação e compra por preços razoáveis, principalmente pela diversidade, que não será encontrada no comércio em geral.

Chateau Montelena – O famoso ganhador do Julgamento de Paris na categoria vinhos brancos, situada ao lado de um belo lago onde existe um castelo, que permite degustações e também uma visita a um pavilhão dedicado a essa importante vitória da vinicultura americana.

Jarvis – Vinícola situada próxima à cidade de Napa, cuja principal característica é a existência de uma escavação numa montanha, que certa feita brincamos que poderia ser batizada como a “enocaverna”, onde encontra-se toda a produção vinícola e suas caves para armazenamento dos vinhos.

Joseph Phelps – Um passeio inesquecível, tratando-se de uma das mais belas vinícolas da região do Napa Valley, onde inclusive existe a opção de um restaurante, valendo muito a pena verificar a possibilidade de uma parada para almoço e passar mais algum tempo neste local.

Stag’s Leap – Situada ao sul de Yountville, também tem a sua história relacionada ao Julgamento de Paris, pois foi a vencedora na categoria dos vinhos tintos, cuja vinícola recebeu uma reforma nos anos 2010 e hoje possui uma ala também dedicada à vitória naquela famosa degustação às cegas, o que faz o passeio ainda mais atrativo, lembrando que aqui também existe a possibilidade de boas degustações.

Domaine Carneros – Essa vinícola fica localizada entre os condados de Napa e Sonoma, um pouco antes de chegar na cidade de Napa, mundialmente conhecida pela produção dos seus espumantes de altíssima qualidade, que possui prédio  inspirado no Château de La Marquetterie, sede da Taittinger na Europa, que é proprietária desta vinícola, cuja vista é muito bonita, onde o melhor programa é desfrutar seu espumante, especialmente nos dias de calor.

Inglenook – A famosa vinícola pertencente ao cineasta Francis Ford Coppola, que se tornou famoso principalmente pelos filmes O Poderoso Chefão e Apocalypse Now, e posteriormente ganhou fama como produtor de vinhos, situada próxima à cidade de Santa Helena, possui um importante museu todo dedicado a filmografia desse diretor, com seus filmes e troféus, inclusive um automóvel original usado em um deles, sendo um dos locais mais populares para aqueles que visitam o Napa Valley,

Francis Ford Coppola Winery – Antes denominada “Chateau Souverain Winery”, situada na cidade de Geyserville, em Sonoma Valley, sendo mais sofisticada e apropriada a uma visita do que a anterior, do mesmo proprietário, principalmente pelo restaurante existente em um deck frontal, embora mais modesta no que toca à coleção de objetos do cineasta.

Silver Oak – É uma importante vinícola norte-americana, cujos vinhos são muito bem recebidos, mas cuja estrutura não é muito grande, mas que vale a pena pelo menos para uma rápida passagem, pela qualidade de seus vinhos e pela beleza do local onde se encontra.

Beringer Vineyars – Vinícola cuja fundação data de 1875, possuindo uma história ligada à própria história do vale, onde são oferecidos tours pelos seus túneis emblemáticos, local de produção dos vinhos, além de uma degustação especial com os vinhos da casa, inclusive podendo desfrutar um deles, que recebeu uma elevada pontuação do crítico Robert Parker.

Spottwode Winery – Uma vinícola familiar, cuja fundação foi no século 19, tendo como destaque a casa vitoriana de sua sede, representativa da imagem que aparece nos rótulos de seus vinhos.

VJB Cellars – Situada um pouco acima da cidade de Sonoma, podemos definir esta vinícola como um pedacinho da Itália na Califórnia, onde encontramos uma autêntica vila toscana, própria para apreciar as comidas da península e degustar os vinhos fabricados ali, tudo muito elogiado por todos que já passaram pelo local.

Imagery – Esta é a vinícola dos rótulos artesanais da família Benziger, situada em Sonoma, onde chama atenção a existência de um Partenon em escala reduzida, cuja imagem aparece em todos os rótulos da vinícola, sendo recomendado que, além da tradicional visita enológica, seja feita uma parada na galeria de arte da vinícola, que exibe as obras originais estampadas nos rótulos das garrafas, que trazem sempre de alguma forma a figura deste edifício grego.

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