Há cerca de 80 anos, quando minha tia era criança e produzia hemácias em quantidade suficiente, Pinheiros era um bairro distante do centro de São Paulo. Havia trechos da avenida Rebouças em que carros de boi passavam, não havia nem planos da chegada do metrô pelo bairro, o Hospital das Clínicas (HC) não existia, havia um circo na rua mourato coelho e poucos estabelecimentos.

A inauguração do HC em 1944 mudou a dinâmica do bairro. Duas décadas após, nova transformação com a abertura de novas avenidas nas décadas de 1960, como a Sumaré, cuja construção demoliu dezenas de casas entre Perdizes e Pompéia e depois foi interligada com a Henrique Schaumann. A terceira onda de modernização veio com o metrô, cuja abertura na Fradique Coutinho trouxe novos prédios, moradores e endereços e ampliou a geografia do bairro com a incorporação de Baixo Pinheiros e sua estação de metrô, hoje epicentro de uma onda de bares e restaurantes com preços mais módicos que o coração do bairro.

Nascido em Pinheiros há 41 anos, safra 1977, com pai e tios nascidos por aqui também, vim incorporando ao longo dos tempos uma série de endereços para comer e beber no bairro, que ganhará um guia de Pisando em Uvas, com o que se pode fazer entre suas ruas e avenidas. A primeira parte se refere à extensão que vai do Hospital das Clínicas até a Cristiano Viana. Como todo guia e recorte geográfico, é subjetivo.

Caverna Bugre (Teodoro Sampaio, 334) – Na Teodoro Sampaio, perto do HC e do metrô clínicas, embaixo de um prédio quase esquina com a rua Dalvim, fica um dos mais tradicionais endereços do bairro, com mais de 60 anos de vida. O prato mais famoso é o filé alpino, coberto de copa, catupiry, provolone, gratinado e coberto com molho inglês, servido com arroz. Nunca fui fã dele e hoje com algumas questões gástricas a resolver, não passo perto. Mesmo assim, o restaurante vale por outros pratos, como os ótimos croquetes de carne servidos com sal de aipo e os pratos alemães, como o joelho de porco ou o kassler. O filé acebolado com molho inglês é outra boa pedida.

 

Degas (Teodoro Sampaio, 568) – Na esquina com a Capote Valente, fica aquele coringa cujos pratos servem várias bocas famintas e cujo cardápio vai de massas a carnes passando pela tradicional feijoada de sábado. Aqui a casa se vende como o melhor parmeggiana de São Paulo, mas fujo da recomendação, ele é apenas tão grande quanto pesado. O destaque são os filés a degas.

 

 

Bonde Paulista (Oscar Freire, 1597) – Aos domingos, nomes famosos da esquerda paulistana se reúnem aqui para conversar ao redor de uma boa pizza de bairro em um ambiente mais elegante que as pizzarias de bairro. Massa fina, bons recheios.

 

Las Chicas (Oscar Freire, 1601) – Meu pai, que nasceu perto, chama esse lado da rua de o lado pobre da Oscar Freire. O Las Chicas tem um ótimo almoço executivo para quem sabe o que são carboidratos complexos e busca saladas e legumes diferentes e quer complementar a refeição com proteína animal. O texto está nutricional demais, mas a comida é boa.

 

Clementina (Oscar Freire, 1582) – O Clementina tem três opções rotativas de pratos do dia, cujos preços variam entre R$ 35 a R$ 45, oferecendo um PF mais chique que a dos botecos.

Casa da Vovô (Artur de Aazevedo, 284) – Se estou por esse quadrado à procura de um quilo com uma boa opção de saladas, grelhados e de variedade de pratos quentes, essa aqui é minha escolha. O quilo sai por volta de R$ 60. Tem um valor sentimental, minha avô, quando passeava pelo bairro comigo, era amiga da dona da casa, que me deixava brincar ali na frente.

Casa Jaya (Capote Valente, 305) – Cardápio vegano em um ambiente bem legal, um dos preferidos por quem não come proteína animal, embora para mim eu sempre saia de lá querendo complementar minha refeição com peixe, porco ou boi.

Canaille  (Cristiano Viana, 390) – Em São Paulo, restaurante francês, geralmente, é sinônimo de preços altos, comida sofisticada, carta de vinhos de quatro cifrões. Uma exceção está aqui. Ali, as entradas ficam em torno de R$ 20, vários pratos principais na casados R$ 30 e as sobremesas abaixo dos R$ 20. Um dos destaques para começar é o bom terrine da Campanha ou as tartines ou as lulas salteadas no limão siciliano e manteiga escargot. O boeuf bourguignon, que aparece nos fins de semana, é uma ótima pedida. O restaurante oferece rótulos para entrega em domicílio e trabalha com uma extensa seleção de vinhos brasileiros interessantes, como os Guatambu.

Vianna Bar (Cristiano Viana, 305) – Um bar com boa comida e bom chope, com espaço na calçada, com porchetta servida ao lado em alguns dias da semana. A combinação torna esse meu bar preferido nesse pedaço que vai do HC até a Cristiano.

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