Raízes alemãs e francesas na Alsácia

Por Tarcisio Valente 

A Alsácia é uma linda região no leste da França, à beira do Reno, na divisa com a Alemanha e, ao sul, com a Suíça. Há quem considere, erroneamente, a Alsácia como um pedaço da Alemanha dentro da França, por tantas semelhanças, proximidade e pelo fato histórico de a região ter trocado de administração algumas vezes entre alemães e franceses desde 1871, quando o Estado tedesco emergiu na Europa e anexou a região aos seus domínios até o fim da primeira guerra mundial, quando os franceses voltaram a ter controle pelo tratado de Versalhes. No epicentro da segunda guerra mundial, os alemães novamente controlaram a Alsácia, retomada pela França em 1944. Entre 1945 e 1948, o uso da língua alemã nos jornais regionais foi restrito a no máximo 25%.

Fala-se tanto francês quanto alemão, assim como se veem sobrenomes franceses e alemães espalhados pelos estabelecimentos. Há um dialeto local, o alsaciano. Uma palavra muito conhecida nesse dialeto é Choucroute, o conhecido repolho fermentado que, em alemão, chama-se Sauerkraut (repolho azedo). Choucroute é “Chou” (repolho, em frances) e “Croute” (uma corrupção de “kraut”). A região é conhecida por uma gastronomia muito saborosa e por seus vinhos, em que sobressaem os feitos com as uvas Riesling e Gewurztraminer.

Aqui relataremos a parte sul da Alsácia, partindo de Mulhouse quase na Suíça até Riquewihr, pouco ao norte de Colmar. Strasbourg e a parte norte também valem visitar e também tem excelentes vinhos e gastronomia.

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Mulhouse

Uma agradável cidade de porte médio, Mulhouse” convida-se a pronunciar em inglês, mas é “mil-huss”. As placas nas ruas indicam o caminho em francês e em alsaciano, “Rue de Mittelbach” e “Mittelbàchgàss”. Em um de seus restaurantes típicos pode-se degustar um tradicional Choucroute Garni, regado a um bom Riesling ou Gewürztraminer ou uma Flammeküchen, uma “pizza” de massa fina com bacon e queijo. Muito comum também as cervejas, locais ou importadas, como as belgas, muito apreciadas. A cidade tem também dois interessantes museus, um de automóveis e outro de trens.

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Rosenau

Uma vila a 30 km de Mulhouse, à beira do grande canal da Alsácia e do Reno, próxima à divisa com a Suíça e a Alemanha. O delicioso restaurante Au Lion d’Or valeu a viagenzinha. O guia Michelin classifica-o como “Bib Gourmand”. Informal, sem a pompa dos estrelados, e realmente muito bom!

Au Lion d’Or – Chez Théo
5 Rue de Village Neuf
68128 Rosenau, France
+33 3 89 68 21 97
Aconselhável reservar (também pelo michelin.fr)

Para iniciar, pedi uma taça do espumante local, o Crémant d’Alsace. Com uma delicadeza ímpar, este é talvez um dos melhores crémants que já provei. Amuse-bouches de salmão marinado acompanharam o espumante. A Alsácia também é conhecida por produzir foie gras, que não vem somente do Sudoeste da França. Aqui, veio acompanhado de aspic, brioche, geléia e uma taça de Riesling local “vendanges tardives”, demi-sec. Seguiram-se um “brochette” de camarões “façon satay” e também camarões ao molho de creme. O duo foi apresentado sobre um delicioso fundo de alcachofra. O restaurante ofereceu um vinho do Mâconnais para acompanhar o prato – Saint-Véran, que harmonizou muito bem. Seguiu-se um “maquereau” ao molho de laranjinhas kumquat (semelhantes à kinkan) e legumes, acompanhado de um Gewürztraminer do produtor François Braun, da safra 2014, delicioso.

O grand finale foram três queijos Munster, um mais jovem, outro maduro e mais um com cominho, os três tradicionais da região. O mesmo gewürztraminer acompanhou. Uma experiência gastronômica recomendável!

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Guebwiller

Ao longo da Alsácia, há várias cidadezinhas charmosas. Guebwiller é uma delas, com uma linda arquitetura e vinhedos em seu entorno. Uma parada em uma daquelas deliciosas confeitarias para um café e uma tarte flan aux poires. Sempre há curiosidades. Há também whiskeys produzidos na Alsácia, incluindo malte puro. Uma linda igreja e um curioso mosteiro de formas octagonais complementam bem a cidade.

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Eguisheim

Também cercada de vinhedos, Eguisheim é sede de muitas vinícolas. Casas lindas, com flores nas janelas, formam esta cidade medieval muito bem conservada e com muitos detalhes charmosos. Além de muitos bons vinhos, há também cervejas da região. Das vinícolas, destacou-se a Paul Ginglinger , produtor de vinhos naturais, de produção orgânica e sem sulfitos adicionados – a diferença é clara nas degustações. Há também a Wolfberger, um produtor maior e mais massificado, mas que apresentou um Crèmant d’Alsace rosé delicioso!

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Ammerschwihr

Uma cidadezinha menor sem muitos atrativos mas com vinícolas excelentes. O Domaine Christian Binner apresentou vinhos muito bem elaborados. O “sélection de grains nobles”, doce, é muito requisitado! As vinhas ficam ao lado da sede do produtor.

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Riquewihr

Outra cidade medieval muito bem conservada. O almoço foi o clássico “piquenique no carro” , com baguette, terrine e frutas. Depois, uma caminhada para apreciar a arquitetura da deliciosa cidade e tantos detalhes charmosos.

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